Caso Gabriel: com casa à venda, família mantém intacto quarto de jovem morto no RS - Agora Já -

Caso Gabriel: com casa à venda, família mantém intacto quarto de jovem morto no RS



Gabriel Marques Cavalheiro morreu após abordagem policial no ano passado, em São Gabriel. Três policiais militares estão presos e serão julgados pelo Tribunal de Justiça Militar nesta quinta-feira (20).

Foto: Foto: Reprodução/RBS TV
20 de julho de 2023

Os pais de Gabriel Marques Cavalheiro, morto em São Gabriel, na Fronteira Oeste do RS, depois de uma abordagem policial, em agosto de 2022, decidiram deixar o quarto do menino intacto. Em cima da cama do jovem, tudo ficou do jeito que o filho gostava. A casa, no entanto, está à venda.

“Fico dividida entre ficar aqui, porque tivemos coisas boas, mas ao mesmo tempo me dá uma tristeza porque a porta vai abrir e ele não vai chegar. Tudo aqui é o Gabriel. A gente olha para cada lado e lá está o Gabriel”, desabafa a mãe, Rosane Marques, de 48 anos.

  • PMs são interrogados na Justiça Militar

Gabriel Marques Cavalheiro desapareceu em 12 de agosto de 2022 em São Gabriel. Ele estava hospedado na casa de um tio para prestar serviço militar na cidade. O desaparecimento ocorreu depois de uma abordagem policial. O sargento Arleu Junior Jacobsen e soldados Raul Veras Pedroso e Cleber de Lima respondem pelos crimes de ocultação de cadáver e falsidade ideológica.

O julgamento dos PMs está previsto para ocorrer na quinta-feira (20). Nesta quarta, os três policiais foram interrogados no Tribunal de Justiça Militar (TJM). Os réus permanecem detidos no Presídio Militar de Porto Alegre.

Os policiais teriam agredido Gabriel, que foi imobilizado e levado para dentro de uma viatura militar. Testemunhas disseram que ele foi atingido por “pelo menos dois ou três golpes de cassetete”. O corpo foi localizado no dia 19 de agosto, submerso em um açude na localidade. No mesmo dia, os três policiais foram presos preventivamente.

Quaro intacto

Na casa, situada em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, as lembranças estão por toda parte, mas é no quarto, onde ele passava horas escutando as tradicionais músicas gauchescas, que ainda estão roupas, medalhas de campeonatos esportivos e materiais escolares dispostos por todo o cômodo.

Em cima da cama, um laço remete ao principal lazer de Gabriel: os rodeios e as atividades campeiras. Baitaca era seu ídolo musical, tanto que um trecho da letra de “Fundo de Grota”, um dos maiores sucessos do cantor e compositor, ficou registrado na lápide onde Gabriel foi sepultado.

A mãe de Gabriel e o pai, Anderson da Silva Cavalheiro, de 41 anos, receberam a imprensa pela primeira vez há cerca de uma semana. Vestindo camisetas com a foto de Gabriel, eles receberam o repórter Jonas Campos, da RBS TV.

Para o pai, a sensação é de que o tempo parou na segunda semana de agosto do ano passado, quando o filho viajou de Guaíba para São Gabriel.

“A Rosane está com psicológico bem abalado. Os médicos não querem que ela fique sozinha em casa, tem que estar sempre com alguém. E para nós, a saudade é grande, e a dor no peito não sai nunca. É uma dor permanente. Decidimos colocar a casa à venda. Objetivo na vida eu não tenho mais, a não ser sobreviver em busca de justiça”, diz o pai.

O que diz a defesa dos policiais

A defesa do sargento Jaconsen, representada pelo advogado Maurício Adami Custódio, afirma que um policial civil que nutria desavenças públicas contra a Brigada Militar participou da investigação. Existe um áudio, que está no processo, em que este agente teria dito que se vingaria da BM. O advogado ainda sustenta que a jaqueta de Gabriel, que foi encontrada próxima do açude, foi plantada no local.

“Há provas de imagens de que a jaqueta estava seca na parte de cima e parecia ter sido estendida naquele tapete verde da vegetação. O drone da polícia sobrevoou a região na terça-feira e não foi encontrada . Na quarta, a jaqueta aparece como se tivesse sido posta naquela região”, diz.

Já a defesa dos soldados Lima e Pedroso, representada por Vania Barreto e Shaianne Lourenço, limitou-se a dizer que eles estão sendo julgados por crimes que não cometeram.

“Continuamos afirmando, com convicção, que durante a abordagem não houve agressão alguma ao Gabriel. Que apenas lhe conduziram até a localidade de Lava Pés, a pedido do próprio Gabriel que, perguntado aonde queria ficar, pediu que lhe deixassem em Lava Pés. Quando Gabriel desembarcou da viatura estava vivo e bem”, afirma a defesa.

Para o Ministério Público, a suposta relação de vingança pessoal não está provada no processo. A promotora de Justiça Lisiane Veríssimo da Fonseca é enfática. “O conjunto de provas que temos nos autoriza a conclusão da responsabilidade dos três pela morte do Gabriel”.

Rejane Lopes, advogada da família de Gabriel, afirma que as mensagens trocadas entre os policiais respondem o ocorrido com Gabriel: “Confiamos na Justiça”.

Fonte : RBS e g1 RS 
 Foto: Reprodução/RBS TV

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