Efeitos do El Niño devem impactar o Estado somente no final do inverno
Temperaturas mais amenas devem predominar no mês de julho, assim como a ocorrência de nebulosidade
Julho é apenas o segundo mês do inverno, mas, ao contrário do que se espera para a estação mais fria do ano, os dias serão de temperaturas predominantemente amenas, e a ocorrência de chuva deve ficar próxima da média histórica.
— A previsão climática indica temperaturas acima da média histórica para o período. Entretanto, nas áreas mais altas da serra gaúcha e na serra do Sudeste, não se descarta episódios de formação de geada — avalia a professora de meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Eliana Klering.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) corrobora o prognóstico, atribuindo a massas de ar polar o declínio nas temperaturas que poderá ocorrer em alguns dias do mês, possibilitando a ocorrência de geada nessas localidades de maior altitude.
Meteorologista do órgão, Marcelo Schneider destaca a oscilação do clima neste início de semana. Ele aponta que, entre quarta (5) e quinta-feira (6), deve predominar o calor, enquanto a sexta ( 7) deve ter chuva forte.
Já nos primeiros dias da segunda quinzena de julho, uma nova onda de ar frio traz temperaturas mais baixas e geada para o Estado.
— No decorrer do mês, pode acontecer a oscilação de temperaturas. E o frio não deve ser constante — diz Schneider.
Se os dias frios não têm sido muito frequentes, o amanhecer com formação de nevoeiros seguirá predominando. A ocorrência climática que afeta a movimentação de aeroportos, como o Salgado Filho, deve marcar as manhãs de julho. Isso porque a temperatura da água do Oceano Atlântico Subtropical está mais quente do que o normal, que adiciona um suporte extra de umidade ao Estado, implicando em mais dias com formação de nevoeiro, além de maior cobertura de nuvens.
A tendência de volume de chuva próximo ou dentro da média deve permanecer.
— A expectativa é de que a maioria das áreas do Estado tenha chuva dentro da média em julho, incluindo Região Metropolitana, Serra, Planalto, Litoral, Campanha e áreas de Santa Maria. Deve chover de dentro a um pouco abaixo da média Sudoeste, no Noroeste e nas Missões — explica Josélia Pegorin, meteorologista da Climatempo.
Para o Inmet, a região sul do Brasil é a mais impactada pelo El Niño, que está em desenvolvimento no Oceano Pacífico Equatorial. Conforme o inverno avança, o fenômeno se fortalece. Assim, seus efeitos devem ser mais percebidos no final da estação. Ao longo do inverno, ventos quentes e úmidos vão soprar com maior frequência sobre a Região Sul, estimulando a formação de áreas de instabilidade que se juntam a frentes frias.
— Podemos esperar alguns sistemas de ar frio que devem chegar da Argentina e Uruguai provocando grande variação nas temperaturas, chamada de amplitude térmica. No final de agosto e no início de setembro, deve ocorrer a elevação das temperaturas—pontua o meteorologista do Inmet.
No final desta semana, o Rio Grande do Sul pode ser atingido por um novo ciclone extratropical. A passagem de uma frente fria e, posteriormente, a formação do fenômeno meteorológico poderão causar volumes de chuva de cem a 150 milímetros na Região Metropolitana e no Litoral Norte entre sexta e sábado (8), aponta Josélia Pegorin, meteorologista da Climatempo.
— Chover de cem a 150 milímetros significa que, em 48 horas, teremos pelo menos 50% da média de chuva normal para julho nestas áreas — aponta a meteorologista.
A Climatempo está monitorando a possibilidade de formação de outro ciclone extratropical sobre o RS entre os dias 11 e 12 de julho.