Companhia anunciou que vai substituir o modelo baseado na cotação internacional de combustíveis; expectativa é de valores mais baixos em um primeiro momento, segundo especialistas do setor
Enquanto explicava alguns pontos da nova política de preços de combustíveis, a Petrobras anunciou a primeira redução nos valores da gasolina e do diesel nas distribuidoras, além do corte no gás de cozinha, que valem a partir de quarta-feira (17). Como costuma ocorrer após anúncios nesses moldes, uma das principais dúvidas dos consumidores é sobre quando e como essa diminuição vai chegar nas bombas. A expectativa é de valor mais baixo em um primeiro momento, mas o futuro e o sucesso do sistema dependem de como o novo modelo vai funcionar na prática, segundo especialistas.
O economista-chefe da consultoria ES Petro, Edson Silva, afirma que o fim da ligação direta dos preços às flutuações do mercado internacional e do câmbio abre as portas para valores mais próximos da realidade brasileira em termos de produtividade e logística. Isso pode significar um ganho de economia tanto para os consumidores quanto para o setor produtivo, segundo o especialista:
— Tenho expectativa de que essa nova política anunciada, ainda que precisando ser melhor definida, vai contribuir para a baixa do preço, portanto, favorecer o consumidor e a alavancagem do desenvolvimento da economia nacional.
No entanto, Silva afirma que a Petrobras precisa deixar mais claro como os novos critérios para a formação de preço vão funcionar. Até o momento, a estatal informou que a política de preços não deve ficar exclusivamente ligada ao mercado internacional, levando em conta outras referências de mercado, como o custo alternativo do cliente e o valor marginal. Silva avalia que esses critérios são muito vagos e necessitam de maior objetividade e transparência. O economista afirma que esse esclarecimento é importante para garantir ambiente mais saudável para todos os setores, incluindo o varejo:
— Cabe precisar melhor de forma que possa transmitir previsibilidade e transparência aos demais agentes que atuam no mercado de derivados de petróleo no Brasil.
O presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua, afirma que ainda é cedo para uma análise mais aprofundada sobre a mudança. Ele cita a necessidade de mais detalhes sobre como a nova composição de preços vai ocorrer na prática:
— Nos primeiros momentos, o consumidor e as revendas vão gostar. Porque deve ter uma redução da volatilidade. Tudo é muito preocupante na sequência. Se isso vai ser sustentável ou não. Mas temos de dar um voto de confiança e analisar como vai se comportar nos próximos momentos.
O dirigente adota certa cautela sobre a estimativa de início de preços menores nos postos de combustíveis no Estado. O dirigente explica que as distribuidoras não costumam repassar a totalidade do corte imediatamente no primeiro dia, porque existe um ajuste de estoques. No entanto, ele reforça que os clientes finais devem encontrar alguma redução nos preços nos próximos dias.
— Já temos uma redução anunciada, então, temos de agora pressionar as distribuidoras para que elas repassem na sequência essa redução na totalidade. Elas nunca repassam imediatamente — disse.
Ainda no âmbito do repasse da redução de preços ao consumidor nos postos, Dal’Aqua destaca que existem outros fatores que formam o preço final dos combustíveis, como localização, volume de vendas e concorrência entre as empresas. Ou seja, o tempo para início de eventuais reduções e o novo valor dependem das estratégias e da realidade de cada posto.