Time melhorou a produção ofensiva e alcançou números consistentes nas últimas partidas
O Inter de Roger faz mais gols do que o Inter de Coudet, entre outras tantas razões, porque finaliza mais e melhor. Nas estatísticas ofensivas disponíveis no Sofascore, portal especializado em números do esporte, a equipe atual dobra o número de oportunidades do que no período anterior. E a consequência é balançar mais as redes dos adversários.
Nos últimos quatro jogos foram 11 gols, um a menos do que havia feito com o técnico argentino em 13 partidas do Brasileirão. Com Coudet, o Inter marcou mais de um gol apenas na estreia da competição, diante do Bahia. Com Roger, alcançou isso em metade dos compromissos.
A comparação é inevitável porque o time mudou bastante. Mesmo que tenha vivido bons momentos com Coudet, o que é inegável, o rendimento com Roger ajudou a mudar o panorama da equipe.
O técnico atual evitou criticar o antecessor. Pelo contrário, admitiu que aproveitou algumas características. E implantou outras.
— Já usava uma plataforma semelhante à do Coudet. E, então, é uma forma fácil de adaptação. O que busquei trabalhar foi em cima muito das compactações e tornar o time um pouco mais vertical, tendo a posse como meio, não como fim. E buscar trabalhar algumas dinâmicas que nos possibilitam conseguir chegar no gol adversário, mantendo a consistência defensiva que o Inter já tinha — explicou.
Isso é visto no campo. Roger já tinha detalhado o pedido aos atacantes para participar efetivamente das ações defensivas. Eles ajudam a pressionar a saída de bola do adversário, o Inter recupera a posse no campo de frente e diminui a distância até o gol. Contra o São Paulo, a cena foi frequente.
— O segundo gol do Inter contra o São Paulo teve tudo o que o time de Eduardo Coudet queria, mas não conseguia colocar em prática. A bola foi recuperada no ataque após marcação alta de Alan Patrick e Wesley, que serviu o camisa 10. A jogada terminou na finalização de um volante pisando na área adversária — observa Marcelo de Bona, narrador da Rádio Gaúcha.
Outro narrador, Paulo Andrade, gastou as cordas vocais no domingo. Ele foi a voz do Premiere na vitória colorada sobre o São Paulo. Em sua opinião, o tempo de trabalho de Roger está começando a mostrar resultado, após um início complicado.
— A impressão é de que ele conseguiu adaptar o time. O Inter se torna um time melhor ofensivamente a partir do momento que o entrosamento entre os jogadores aumenta. A equipe tem muitos jogadores que chegaram em 2024 e alguns que chegaram no meio do ano. É um grupo bastante renovado na comparação com o que foi semifinalista da Libertadores. E houve a enchente, a falta do Beira-Rio, a dificuldade para treinar, tudo atrapalhou — opina.
Analista tático do GE.globo, Leonardo Miranda identifica uma questão tática importante. Em suas palavras, o “Inter ataca e gasta a bola de um jeito específico: com triangulações”. Segundo ele, o DNA do time é tocar a bola em triângulos, inclusive pelos lados do campo. E, sem a bola, sufoca os adversários quando o passe vem ruim ou está de costas.
Alguns elementos saltam aos olhos. Para Paulo Andrade, a presença de Fernando na frente da defesa permitiu que Thiago Maia se juntasse ao grupo da frente no meio-campo, além disso, Bernabei tem dado resposta melhor do que Renê, Borré se reencontrou. Ou seja, o time como um todo cresceu.
— Os jogadores estão cada vez mais adaptados, e isso faz aflorar a ofensividade. Mesmo que Roger não tenho essa marca de ser um técnico ofensivo, armando os times de trás para a frente, da defesa pro ataque, a equipe dá boa resposta. A cereja do bolo é um time mais ofensivo, que cria com mais facilidade e permite que apareçam as individualidades de determinados jogadores — finaliza.
A força do ataque do Inter será posta à prova na quarta-feira. Às 19h, a equipe recupera um dos jogos atrasados. Em Bragança Paulista, enfrenta o Bragantino pela 16ª rodada. É a chance para entrar no G-6 e brigar definitivamente por vaga na Libertadores 2025.