As arquibancadas não chegaram a lotar durante os desfiles, muito em função do tempo instável, mas, ainda assim, o desfile atraiu um bom público. Ao todo, mais de 3 mil pessoas percorreram cerca de 1 km da avenida, ao longo do Trecho 3 da Orla do Guaíba. Quem abriu o desfile foi a banda da Brigada Militar, ao som da música de marcha “Dobrado Batista de Melo”. Após a passagem dos policiais militares, foi a vez do Corpo de Bombeiros Militar.
Um dos momentos que mais chamou a atenção do público na passagem dos bombeiros foi uma simulação de salvamento realizada por uma guarnição em um helicóptero que sobrevoava Guaíba. Além de militares do RS, também desfilaram bombeiros do Paraná e de Santa Catarina que ajudaram nos resgates durante as enchentes no estado. No desfile de agentes da Defesa Civil Estadual, representantes do Pará e do Paraná também percorreram a avenida. A parte cívico-militar do evento ocorreu sob uma chuva fraca, mas com vento forte.
Por volta das 11h20min, teve início o desfile temático, que não ocorria desde 2013. O primeiro carro a passar pela avenida homenageava, além de Jayme Caetano Braun, o patrono dos Festejos Farroupilhas 2024, Pedro Ortaça. Além do artista, estavam familiares dele e dos outros três troncos missioneiros. Após o primeiro carro, um grupo temático de Santa Cruz do Sul desfilou com trajes típicos de imigrantes germânicos, em alusão aos 200 anos da imigração alemã no RS.
O desfile temático foi finalizado com a entrada das bandeiras de todos os municípios do Rio Grande do Sul, colorindo a avenida Edgar Pereira Paiva e também celebrando a força e a garra do povo gaúcho. Algumas destas bandeiras eram carregadas por agentes de segurança que atuaram nos resgates durante as cheias e que já haviam desfilado inicialmente, durante o ato cívico-militar.
Já o desfile de cavalarianos iniciou pouco após as 12h, com o 35 CTG, o primeiro Centro de Tradições Gaúchas fundado em 1948 pelo chamado “grupo dos oito”. Ao todo, 350 cavaleiros estava inscritos para desfilar. Se na avenida o traje era o típico do peão e da prenda, nas arquibancadas isso não podia ser diferente. A moradora de Porto Alegre, Laura Silveira, fez questão de levar o filho Levi Antunes, de 1 ano e 6 meses, de bombacha, alpargata e boina para já se acostumar com a tradição gaúcha.
“A gente quer implantar isso (cultura) nele desde cedo. A gente levou ele no Expointer também e ele amou. Então eu quero que ele veja que a nossa cultura é maravilhosa. E que a gente é um povo guerreiro também. Depois de tudo que a gente passou, ver eles desfilando e se erguendo aos poucos, é lindo para ver a força do nosso povo. E o Levi ama estar pilchado. Tentamos fazer ele sair assim todos os dias. Já virou a sensação na rua”, contou Laura.
Identidade de um povo e homenagens aos difusores da cultura
Do palanque oficial, o governador Eduardo Leite acompanhou todos os atos do Desfile Farroupilha desta sexta-feira. Ele destacou que celebrar a identidade do povo gaúcho é um momento especial, mesmo que o desfile tenha sido realizado apenas duas vezes desde que assumiu o governo. Se entre 2020 e 2022 a pandemia adiou a passagem dos farroupilhas pela Capital, ano passado o desfile foi cancelado em função da tragédia no Vale do Taquari. Por conta disso e pelo que o RS viveu em 2024, o festejo deste 20 de Setembro foi marcado pela superação e pela reconstrução.
“Nesse ano, a gente faz um desfile com um caráter muito especial. Porque ele tem esse símbolo que nos une, que é a identidade do nosso povo. E se em outros tempos o que a gente celebra da Revolução Farroupilha tem a ver com guerra, hoje o que a gente celebra é a nossa capacidade de nos unirmos para enfrentar as dificuldades do dia a dia. Para enfrentar as dificuldades que o clima nos impôs. Simboliza a declamação dos poemas, o ato de cantar o hino, a nossa cultura. Esse tradicionalismo que a gente exalta hoje é uma forma da gente estar mais unido”, afirmou.
A presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Ilva Goulart, destacou a importância de homenagear figuras que são essenciais para difundir e promover a cultura do gaúcho. “Esse desfile temático aflora as nossas raízes. E a Semana Farroupilha nos traz essa esperança pela reconstrução do RS. Nós já caímos, tombamos e nos reconstruímos várias vezes por causa da garra desse povo”, completou Ilva.