Prioridade tem sido manter em dia o pagamento de todo o quadro de funcionários
As cobranças públicas de Cruzeiro e Flamengo por dívidas nas compras de Wesley e Thiago Maia, respectivamente, mostram as dificuldades financeiras do Inter. A situação nunca foi negada pela direção colorada, mas a revelação do não pagamento das parcelas evidenciou a situação.
O clube reconhece os débitos e trabalha em alternativas para saná-los, ao mesmo tempo que questiona a ausência do apoio prometido em razão das enchentes.
As dívidas que apareceram até o momento totalizam R$ 4,3 milhões. Por Wesley, o Inter deve ao Cruzeiro R$ 2,8 milhões referentes à parcela de julho. Por Thiago Maia, o Flamengo cobra R$ 1,5 milhão, cujo vencimento se deu em 20 de julho. Por enquanto, não há risco de transfer ban (aquela proibição da Fifa para inscrever novos jogadores). Esse processo todo, quando ocorre, costuma levar cerca de dois anos.
O Inter reconhece as dívidas. E admite dificuldade financeira. A prioridade tem sido manter em dia o pagamento de todo o quadro de funcionários. Segundo a direção, não existe qualquer tipo de atraso, nem de salário nem de direitos de imagem. E fora do futebol, os demais empregados do clube estão recebendo normalmente.
O clube trabalha na captação de recursos. A não concretização da venda de Vitão, por mais que gere ganhos esportivos, influenciou no caixa. O clube projetava arrecadar R$ 135 milhões, e, até agora, obteve cerca de R$ 80 milhões. Ainda há três mercados com janelas abertas: Turquia, Rússia e Arábia Saudita.
Veio da Turquia, aliás, a proposta mais recente, de cerca de R$ 43,4 milhões, oferecidos pelo Besiktas. O Inter, até agora, tem resistido. No mundo ideal, a direção até aceita negociar os atletas, mas entregá-los após o final da temporada, como foi feito com Johnny.
Outra verba pleiteada é a prometida pela CBF aos clubes gaúchos atingidos pelas enchentes. Durante a crise, a entidade garantiu que ajudaria a recuperar, principalmente nas estruturas. Até agora, nenhum real foi depositado. O Inter teve grave prejuízo com a chuva. Entre a recuperação do CT Parque Gigante, alguns reparos no CT de Alvorada e no Beira-Rio, calcula-se um valor superior a R$ 35 milhões.
Os insucessos esportivos também entram nessa conta. O clube estimava alcançar semifinal da Copa do Brasil e quartas da Sul-Americana. Caiu nas oitavas no torneio nacional e no playoff da competição continental. Até agora, o prejuízo é de R$ 14,5 milhões.
Só se chegar acima do quarto lugar no Brasileirão conseguirá diminui-lo. Isso sem mencionar rendas em bilheterias, vendas de produtos e quadro social. O Inter chegou a ter mais de 140 mil sócios, em março. O número de inadimplentes, porém, deve registrar aumento nos próximos balancetes econômicos.
É importante ressaltar que o dinheiro da assinatura de contrato com a Liga Forte União não entra nessa contabilidade. A verba foi utilizada no pagamento de dívidas bancárias, cujos juros comiam a maior parte do fluxo de caixa. Por isso, apesar do cenário econômico negativo, o otimismo está presente no dia a dia colorado.
Mesmo com a óbvia preocupação, a mudança na estrutura do futebol, a captação de novos recursos dão esperança de aliviar os problemas financeiros.