Maria Cristina dos Santos, 54 anos, e Cristian Alan dos Santos Carvalho, 17, foram mortos a tiros ao amanhecer do último domingo. O atirador escapou após disparar mais de 10 vezes contra as vítimas, no meio da rua
A investigação da Polícia Civil de Santa Cruz do Sul levou à prisão do suspeito de ter matado um adolescente e mãe dele na saída de uma festa no último fim de semana. O investigado, de 18 anos, se apresentou à polícia na noite de quarta-feira (25).
Maria Cristina dos Santos, 54 anos, e o filho Cristian Alan dos Santos Carvalho, 17, foram executados a tiros na área central do município, na madrugada de domingo (22).
O suspeito foi identificado pelos investigadores a partir da análise de imagens de câmeras de segurança, que registraram o crime, e de depoimentos de testemunhas.
Na quarta, a Polícia Civil realizou buscas em diversos pontos onde havia possibilidade de o investigado estar escondido. Os policiais estiveram em endereços de Porto Alegre e do Vale do Rio Pardo. No entanto, o investigado não foi encontrado. Já à noite, o suspeito se apresentou à Polícia Civil de Santa Cruz, acompanhado de advogado.
Com prisão preventiva decretada pela Justiça, ele optou por permanecer em silêncio. O nome do suspeito não foi divulgado pela polícia.
— Desde o início, trabalhamos incessantemente, em busca de imagens e de buscar subsídios para identificar e comprovar a autoria. Essa é a nossa resposta para a comunidade, mas principalmente para a família das vítimas desse crime — afirma a delegada Ana Luísa Aita Pippi, da 1ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz do Sul.
Além do suspeito já preso, a polícia segue investigando a participação de outras pessoas tanto no duplo homicídio, como em uma série de agressões sofridas por um dos irmãos do adolescente.
A polícia conseguiu esclarecer nos últimos dias como teria se dado a dinâmica do crime. Segundo o que foi apurado, o adolescente estava numa festa com a namorada e um irmão. No local, ele se encontrou com o agora investigado como autor do duplo homicídio. Os dois já teriam se desentendido anteriormente em outras festas — a polícia ainda tenta esclarecer o motivo.
— Eles se encontraram na noite e se desentenderam novamente. O irmão que estava com a vítima foi defender o adolescente, e acabou posto para fora da festa. Ele ficou preocupado porque o adolescente ficou lá dentro da festa com a namorada. Então, chamou a mãe e o irmão mais velho, como já havia esse desentendimento. A mãe e o irmão vão ao encontro deles — explica a delegada.
Assim que a festa terminou, tanto o suspeito do crime como o adolescente deixaram o local. Cristian Alan encontrou com os familiares do lado de fora e ficou aguardando pelo transporte para retornar para casa, do outro lado da rua. Nesse meio tempo, o atirador embarcou na carona de uma motocicleta e deixou o local.
— A família fica tranquila, já que ele foi embora. Uns dois minutos depois, ele retorna, estaciona a motocicleta na (rua) Tiradentes e vem a pé armado. Com a arma na cintura, se junta ao grupo dele. De surpresa, ele puxa a arma e efetua disparo no Cristian na cabeça. A mãe tenta defender o filho, e ele executa a mãe também. Ele usa uma pistola, com seletor de rajada. São muitos disparos, como se fosse uma metralhadora — detalha a delegada.
O atirador chegou a perder o controle da arma e atingiu outras três pessoas de raspão: duas jovens, que não estavam com a família, e um irmão do adolescente. Assim que mãe e filho são alvejados, esse irmão tenta conter o atirador.
— As vítimas caem e ele tenta fugir. O irmão mais velho tenta segurar o autor e aí se inicia uma briga. O irmão é bastante agredido, por quatro pessoas, e, nisso, o executor consegue se soltar e escapar. Ele foge na moto com o motorista. Essa ação toda é muito rápida — explica a delegada.
O preso não possui antecedentes, mas, segundo a polícia, ostenta nas redes sociais vínculo com uma facção criminosa que domina o tráfico de drogas em Santa Cruz do Sul. O suspeito era morador do bairro Bom Jesus, enquanto as vítimas residiam no bairro Santa Vitória.
O tipo de arma usada, com alto poder de fogo, também indica o possível envolvimento com algum grupo criminoso. O preso não entregou a arma usada no crime e nem quis apontar a origem dela.
Além de Cristian Alan, Maria Cristina era mãe de outros três filhos. O velório dos dois foi realizado ainda no domingo na capela da Funerária Halmenschlager, junto ao cemitério Ecumênico da Paz Eterna. O sepultamento foi realizado na manhã de segunda-feira, às 10h, no Cemitério Parque Guarda de Deus, em Santa Cruz do Sul.
A casa de festas Start Club emitiu nota sobre o ocorrido em que lamenta os fatos e afirma que o episódio não aconteceu dentro das dependências do estabelecimento.
“A START Club vem a público, primeiramente, para expressar suas condolências aos familiares e amigos das vítimas dos atos de violência que ocorreram na manhã deste domingo, na esquina das ruas Marechal Floriano e Tiradentes, nas proximidades da nossa casa.
É importante esclarecer que esse episódio “não ocorreu nas dependências da START Club”, já que o evento foi encerrado às 04h30 e o fato na rua próxima aconteceu mais tarde, em torno das 5h.
A START Club manifesta seu repúdio à violência, atos discriminatórios e a qualquer atitude que invada os direitos e desrespeite as pessoas.
Reafirmamos nosso compromisso com a segurança e o bem-estar de todos os frequentadores e colaboradores, ressaltando que sempre adotamos medidas necessárias para garantir um ambiente seguro e acolhedor.
Esperamos que os responsáveis por esses atos sejam devidamente identificados e punidos.