Facção ameaçava agentes que atuavam no combate ao tráfico. Gaeco ainda cumpre 29 mandados de busca e apreensão em Passo Fundo, Palmeira das Missões e Sarandi
Ao menos 12 pessoas foram presas na manhã desta terça-feira (3) na Operação Centauro, realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.
A ação cumpre 14 mandados de prisão, sendo nove detentos que cumprem pena em três presídios do RS, e outros 29 de busca e apreensão em Ronda Alta, Passo Fundo, Palmeira das Missões e Sarandi, no norte gaúcho.
O alvo é uma organização criminosa apontada por cometer os seguintes crimes:
Conforme o Gaeco, a facção usava pessoas vinculadas para fazer falsos comunicados de delitos e infrações disciplinares contra policiais militares de Ronda Alta, que atuavam na repressão dos criminosos.
Além dos crimes e da coação às autoridades policiais, os integrantes também ameaçavam os PMs e suas famílias com violência, apontou a investigação.
Ao todo, 32 pessoas foram investigadas, das quais 25 tiveram as contas bancárias bloqueadas, incluindo laranjas. Uma dessas contas movimentou R$ 1,9 milhão em apenas quatro meses em 2022 e 2023.
Dos 14 investigados com prisão decretada, nove estavam no sistema prisional e seguiam cometendo os crimes apurados na Operação Centauro.
A investigação teve início depois de pedidos de providências encaminhados ao Gaeco pela Corregedoria-Geral da Brigada Militar, que alertou sobre o fato de que PMs estavam sendo coagidos.
O objetivo, segundo o órgão, era prejudicar ações ostensivas, principalmente em pontos de tráfico da facção em Ronda Alta e região.
Pelo menos dois policiais foram coagidos com as falsas comunicações de delitos e infrações. Os atos levaram à instauração de processos disciplinares de atos que não ocorreram.
Em relação ao tráfico em si, a facção é vinculada a uma das maiores organizações criminosas do Estado, tem o comando dentro de presídios e se divide em vários núcleos. Um dos líderes é responsável por gerenciar diversos estabelecimentos comerciais usados como pontos de venda de entorpecentes.
Um dos núcleos do grupo criminoso seria responsável pela movimentação financeira, lavagem de dinheiro e ocultação de bens.
Segundo o promotor Manoel Antunes, uma das práticas é a movimentação fragmentada de valores. Dessa forma, depois de passar por várias pessoas físicas ou jurídicas, o dinheiro chega à cúpula da facção.
— A prática de rotular quem atua no combate à criminalidade como abusivo, autoritário e praticante de atos ilegais é, ao mesmo tempo, estratégia para dissuasão e inibição do exercício da autoridade do Estado, e de defesa antecipada que tem por objetivo refrear a atuação dos agentes públicos que investigam crimes — disse o promotor, que coordena o 6º e 7º Núcleos Regionais do Gaeco.
A operação contou com os promotores Diego Pessi, Rogério Caldas e Maristela Schneider, além do apoio da Brigada Militar e da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).