Informação é da Polícia Penal, que investiga como arma usada para matar Nego Jackson entrou em penitenciária de Canoas. Secretário do Sistema Penal admite falhas no episódio.
Duas investigações foram abertas para esclarecer as circunstâncias do assassinato de Jackson Peixoto Rodrigues, o ‘Nego Jackson’, 41 anos, ocorrido no módulo 3 da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan 3), no sábado (23). Ele foi emboscado por outro detento, que disparou sete tiros com uma pistola. Um dos inquéritos é do Departamento de Homicídios da Polícia Civil. O outro é administrativo, instaurado pela Polícia Penal, por solicitação da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo.
O autor dos disparos, Rafael Telles da Silva, o Sapo, foi preso em flagrante. Os dois detentos estavam em celas contíguas numa mesma ala, o que é incomum em se tratando de rivais. A suspeita é que a pistola tenha sido lançada no pátio da penitenciária por meio de um drone.
O secretário Luiz Henrique Viana, dos sistemas penais, considera que as circunstâncias ainda não estão totalmente claras.
– Mas são inegáveis a falha e a gravidade do fato. Vamos apurar tudo com rigor absoluto, para que situações como esta não voltem a ocorrer. Acompanharei os encaminhamentos pessoalmente – admite.
A reportagem enviou à Polícia Penal perguntas sobre o homicídio. Aqui estão as questões e as respostas enviadas pelas autoridades penais:
1) A arma entrou mesmo por drone?
A suspeita é de que a arma tenha ingressado na unidade prisional através de drone. A investigação ainda está em andamento. A galeria tem sofrido constantes tentativas de entregas de ilícitos por drone, muitos interceptados pelos agentes. Na madrugada anterior ao fato, houve um registro de sobrevoo de drone, momento em que servidores revistaram a galeria e retiraram um rádio e drogas.
2) Como o Jackson e o Sapo, inimigos, estavam na mesma ala (triagem)?
Os apenados estavam em celas separadas, isolados, na ala da triagem. Cabe salientar que a galeria é para isolamento dessas lideranças, em razão dos bloqueadores de celulares que impedem o contato externo. As celas são para apenas dois presos e não há contato entre diferentes perfis, uma vez que as movimentações são separadas e feitas com controle superior pelos policiais penais.
3) Teve revista e não encontraram a arma?
As revistas acontecem periodicamente dentro das unidades prisionais. Em 2024, a Polícia Penal realizou mais de 310 revistas gerais, superando o ano de 2023, o que evidencia a constante atuação e intensificação das intervenções desenvolvidas pela Polícia Penal para tornar o sistema prisional cada vez mais seguro e contribuir com a redução dos índices de criminalidade no Estado. A hipótese mais provável é de que a arma tenha entrado via drone. No Complexo Prisional de Canoas (II, III e IV), as vistoris acontecem diariamente, inclusive como citado anteriormente, em registro de interceptação de drone.
4) O morto era um líder de facção condenado por vários homicídios. Mas o projeto da Pecan era para não ter faccionados…
Com o avanço da tecnologia e o aumento da presença de drones na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), foi necessária a transferência desses presos para isolamento em Canoas, que conta com bloqueadores de celular. Já estão em andamento alterações estruturais na Pasc, como a instalação de bloqueadores e a finalização do módulo de segurança máxima, que serão entregues nos próximos dias. São medidas para enfrentamento ao crime organizado, impedindo que consigam contato com o meio externo, impactando na redução dos índices de criminalidade no Rio Grande do Sul. As decisões de remoção destes apenados são tomadas de forma integrada com as demais forças de segurança através de análises dos índices de criminalidade.
5) Recebemos de agentes queixa de que eles têm orientação para não atirar contra os drones. Verdade isso? Qual motivo?
Estão sendo contratados equipamentos de bloqueio de sobrevoo de drones em unidades prisionais, inclusive já estão sendo realizados testes na Pasc. Os servidores estão orientados a interceptar qualquer tentativa de ingresso de material ilícito nas unidades.