Pelo menos seis casos de envenenamento foram registrados nos últimos dias no centro do município. Quatro animais morreram
Os diversos envenenamentos de cães registrados nos últimos dias em Sarandi, no norte gaúcho, motivaram a organização de um protesto contra maus-tratos aos animais no município de 24 mil habitantes.
Ao menos seis casos tiveram boletins de ocorrência registrados na Polícia Civil desde a última sexta-feira (21). Todos aconteceram no centro da cidade, nas proximidades das ruas Bandeirantes, Duque de Caxias e Paulo Dall’Óglio. Quatro cães morreram.
As primeiras vítimas foram dois cachorros comunitários, Toddynho e Lessie, que apareceram intoxicados em 21 de março. Toddynho chegou a receber atendimento, mas não resistiu. Lessie, uma cadela de grande porte, morreu antes do socorro.
No sábado (22), Gorda e Lara, que viviam em um pátio residencial, foram envenenadas dentro da propriedade. Ambas eram adotadas e viviam com uma família, enquanto Toddynho e Lessie faziam parte de uma matilha comunitária composta ainda por Tigre e Toddy — todos castrados e sem raça definida.
Eles eram abrigados em casinhas comunitárias e viviam em um espaço cedido por um morador da região.
— Eram animais dóceis, amados pelas crianças da vizinhança. Não representavam risco algum. Foi uma morte muito cruel. Eles sofreram muito antes de morrer — relata Gabriela Kulmann, voluntária da Associação Sarandiense de Amigos e Protetores de Animais, que denuncia a prática criminosa.
Diante dos envenenamentos, a entidade registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil. A associação também pediu o auxílio de câmeras de videomonitoramento da cidade para identificar os responsáveis.
No sábado (29), a entidade realiza uma caminhada em forma de protesto e conscientização, a partir das 14h. O ato com saída em frente à Escola Sarandi, na Avenida Expedicionário, contará com a participação de outras ONGs de proteção animal da região.
Questionado, o prefeito Pablo Mari afirmou que a administração municipal colabora com as investigações.
— Determinamos a fiscalização em agropecuárias e comércios para verificar a venda ilegal de venenos como estricnina e ‘chumbinho’, mas não encontramos estoques irregulares. Seguiremos colaborando com a associação em ações de conscientização e trabalhando para descobrir e punir quem cometeu esses crimes. Queremos evitar que isso volte a acontecer em nosso município — disse.
Além disso, o vereador Oscar Potrich Junior apresentou uma moção de repúdio na Câmara, e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente encaminhou um ofício ao Ministério Público sobre a comercialização irregular de venenos.
— Precisamos de leis mais rígidas e ações efetivas para combater esses crimes. Sarandi não pode ser lembrada por casos de envenenamento, mas sim uma cidade que protege seus animais — reiterou Gabriela.
O crime de envenenar animais pode resultar em multa e três meses a um ano de prisão. A pena pode ser maior se o animal morrer. Quando as vítimas são cães e gatos, o tempo de prisão pode chegar a cinco anos e proibição da guarda de animais.