Quadrilhas usam sites e mensagens semelhantes às da instituição oficial para conseguir dados das vítimas. Polícia Federal registrou pelo menos 10 ocorrências de golpes desde o começo de julho
Nas últimas semanas, moradores de Passo Fundo têm recebido e-mails falsos sobre o Saque Calamidade, benefício de R$ 6.220 da Caixa Econômica Federal para auxiliar as famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
“Identificamos que você ainda não sacou todo valor disponível do seu FGTS para o Saque Calamidade”, diz a mensagem, que simula uma comunicação quase idêntica às enviadas pela instituição.
Ao final da mensagem há um link para que a pessoa acesse e supostamente consiga o dinheiro que teria direito. O remetente também parece confiável: é o usado @caixa.gov.br, o mesmo domínio usado pelo governo.
Conforme a Caixa, tal mensagem é um golpe. O e-mail foi enviado para pessoas de Passo Fundo, que não está entre os municípios habilitados para acessar o recurso.
Ao clicar no link, as vítimas são induzidas a fornecer dados que serão usados pelos criminosos para fazer movimentações financeiras em nome da pessoa.
Por se tratar de um golpe que envolve a Caixa, a situação é investigada pela Polícia Federal. De acordo com o chefe da Delegacia da Polícia Federal em Passo Fundo, Sandro Bernardi, crimes envolvendo a instituição são registrados com frequência. Desde o começo de julho, foram pelo menos 10 casos.
— Tem vários registros. Seguidamente recebemos (denúncias), principalmente envolvendo o saque de FGTS e Pix realizado a partir do Caixa Tem — relata o delegado.
Segundo Bernardi, na maioria das vezes os criminosos têm acesso aos dados depois das vítimas clicarem em links falsos e preencherem informações sensíveis — ataques conhecidos como phishing. Nesses crimes virtuais, a tecnologia facilita o envio de mensagens para a população em sites semelhantes às páginas de instituições reais, mas com links “clicáveis” para que as vítimas forneçam seus dados pessoais.
— Esses links repassam os dados da pessoa para as quadrilhas que, a partir daí, pessoas manipulam a conta da própria vítima, fazem Pix, saque de FGTS e até contratação de crédito consignado — explica o delegado.
A orientação da Polícia Federal é que as vítimas não demorem a procurar as autoridades assim que identificarem uma possível fraude. O ideal é fazer uma contestação à agência da Caixa e registro policial.
— A contestação na Caixa Federal é fundamental porque a situação só será apurada criminalmente se houver a comprovação de que houve uma fraude ou um prejuízo — pontuou.
Quando não há delegacia da Polícia Federal na cidade, a orientação é procurar a Polícia Civil, que fará o encaminhamento da ocorrência. Outra forma de se proteger é identificar se a cidade está apta a receber o saque calamidade (veja a lista nesta reportagem) ou buscar a Caixa antes de compartilhar qualquer dado pessoal online.