Com produção de erva-mate maior que a média nacional, Região Norte gaúcha se destaca pela forma de cultivo - Agora Já -

Com produção de erva-mate maior que a média nacional, Região Norte gaúcha se destaca pela forma de cultivo



Metade norte tem ervais com mais de 2 mil arrobas por hectares. Cidades exploram o produto no turismo, gastronomia e terapias alternativas

Foto: Região usa o produto no turismo, gastronomia e até em formas de terapias alternativas. Ilvandro Barreto de Melo / Arquivo Pessoal
23 de setembro de 2024

Cultivada em quatro países da América Latina e outros quatro estados brasileiros, a erva-mate tem seu uso mais popular no chimarrão, mas passou a explorada em outras formas no território gaúcho. No norte do Rio Grande do Sul, o produto se destaca também no turismo, gastronomia e até em terapias alternativas.

Hoje o RS tem cerca de 31 mil hectares de área plantada de erva-mate, presentes em 205 municípios, conforme dados do programa para Qualidade e a Valorização da Erva-Mate, do governo gaúcho.

No RS, a maioria do plantio fica na região do Alto Taquari, com 19,2 mil hectares. O restante é distribuído da seguinte forma:

  • Alto Uruguai (6,8 mil hectares)
  • Celeiro Missões (3,3 mil hectares)
  • Nordeste Gaúcho (1,1 mil hectares)
  • Região dos Vales (mil hectares)

Além da área territorial, o norte chama a atenção pela diferença na forma de cultivo e de exploração da matéria-prima. Conforme o engenheiro-agrônomo da Emater e coordenador da Câmara Setorial de Erva-Mate no RS, Ilvandro Barreto de Melo, a região se destaca ao nível nacional:

— Nosso diferencial está na forma em que a erva-mate é trabalhada. Temos muito apoio da pesquisa, desde os anos 1990, com instituições que auxiliam na extensão rural, fazendo nossa produtividade crescer. Hoje a produção média do Brasil é de 555 arrobas por hectare, e a nossa região tem ervais acima de 2 mil arrobas por hectare.

A evolução da produção na região está ligada ao uso de tecnologias de desenvolvimento e utilização de variedades da erva. Em Machadinho, a Associação dos Produtores de Erva Mate faz este acompanhamento há 40 anos, presente em quase todas as propriedades da cidade, com cerca de 560 produtores cadastrados.

— Temos um processo desde a produção de sementes com variedades registradas até a exportação para vários países. O setor evoluiu muito no estabelecimento de tecnologias, como o sombreamento com espécies nativas, adubação, utilização da variedade Cambona 4 (que dispensa o uso de açúcar na erva), espaçamento adequado e controle de insetos com produtos biológicos — explica a presidente da associação, Selia Regina Felizari.

André Ávila / Agencia RBS
Erva-mate é a protagonista do chimarrão, bebida tradicional do Rio Grande do Sul. André Ávila / Agencia RBS

Uso variado após a colheita

Além do desenvolvimento da planta, a região também se destaca nos variados usos da matéria-prima. Em Machadinho, um resort utiliza erva-mate na hidroterapia, combinando os bioativos da erva aos benefícios da água termal.

Na área do turismo também há exemplos de hotéis que utilizam o produto em fórmulas de shampoos, condicionadores e produtos cosméticos. Na gastronomia, há rótulos de cervejas e cachaças com erva-mate na composição.

— Seu uso continua sendo muito explorado no Estado. As cidades do norte oferecem também visitas pelas plantações, e circuitos para turistas. São inúmeras as formas de utilizá-la, e estamos aproveitando essas frentes — resume de Melo.

No caso da família Pagnussat, em Marau, a venda da erva-mate percorre gerações há 100 anos. Eles compram a matéria-prima e a manipulam em processos artesanais. Até ser ensacada, a erva passa pelo fogo e secagem, até ser “quebrada” e socada, para ser comercializada.

Além dos pacotes, a empresa também comercializa trufas e licor de erva-mate, que pode ser encontrado diretamente na loja, em Marau.

—  Hoje enviamos para todo o Estado, além de termos revendas em outras cidades. Não temos representantes comerciais, hoje muitos clientes compram para consumo próprio ou revendem em suas cidades — comenta a sócia-proprietária Thalia Pagnussat.

Expectativas da safra

Ainda conforme o engenheiro-agrônomo da Emater, a expectativa para a safra de 2024 é de colher entre 310 e 320 mil toneladas de erva-mate verde. O total deve ter um incremento na produção, como explica:

— No momento estamos fechando o período de plantio, mas a colheita continua o ano todo, só muda a forma de colher e podar conforme a estação. Neste ano, a expectativa é melhor que os anos de estiagem, em que tivemos perda de 30%. Mas a chuva nos ajudou, fez rejuvenescer os ciclos.

Fonte : GZH 
Foto : Ilvandro Barreto de Melo / Arquivo Pessoal

 

 


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