Ministério da Agricultura e Pecuária suspendeu a exportação de carnes de aves e derivados para mais de 40 países após caso da doença ser registrado em Anta Gorda
Mesmo com a suspensão das exportações de carnes de aves e derivados por 21 dias, em medida divulgada nesta semana pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, cidades como Passo Fundo, Marau e Tapejara, no norte gaúcho, poderão seguir exportando para destinos alternativos, como o Canadá, Japão e Coreia do Sul. A informação é do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
O Brasil suspendeu as exportações de carnes de aves e derivados para 44 países após a doença de Newcastle ter sido detectada em uma ave na cidade de Anta Gorda, a cerca de 137 km de Passo Fundo.
A enfermidade é altamente contagiosa em aves domésticas e silvestres, provocando sintomas respiratórios e manifestações nervosas, como diarreia e edemas na cabeça. Especialistas alertam que essa não é uma doença nova e que raramente atinge seres humanos, tendo seu foco principal nas aves silvestres do mundo inteiro.
Conforme o presidente da ABPA, Ricardo Santin, 12 amostras foram realizadas na propriedade de Anta Gorda e apenas um caso confirmado. O local sofreu recentemente com os efeitos da chuva e teve parte do telhado derrubado, o que possivelmente fez com que um pombo infectasse o aviário.
— Algumas aves ficaram debilitadas após parte do telhado ter caído. Provavelmente um pombo entrou lá, porque o vírus que foi detectado é decorrente de pombos e atingiu essa ave. Ela já tinha o vírus sequenciado geneticamente, então entendemos que é um caso pontual, mas que causa efeitos colaterais — explicou.
Como o Brasil é signatário da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), deve notificar todos os países-membros quando um caso de doença infectocontagiosa é identificado.
Em alguns casos, como países da Europa, por exemplo, as exportações devem ser suspensas em todo o estado ou país. Outros mercados, contudo, só interrompem as importações de aves de locais a 50km do município afetado — neste caso, Anta Gorda e entorno.
Por isso, nem todas as exportações estão proibidas para Passo Fundo, Marau e Tapejara — algumas das cidades conhecidas por terem frigoríficos na Região Norte. Países que seguem recebendo aves de locais não afetados são o Canadá, Coreia do Sul e Japão, por exemplo (veja a lista completa abaixo).
— Nesses casos, somente o município de Anta Gorda e este entorno não podem exportar e o resto do Rio Grande do Sul segue exportando tranquilamente para esses mercados alternativos — destacou o presidente da ABPA.
Em contato com a reportagem de GZH Passo Fundo, o presidente do Sindicato da Alimentação de Passo Fundo, Miguel dos Santos, declarou que se reuniu com autoridades do setor aviário e foi informado que Passo Fundo não deve ter grandes reflexos da suspensão por existirem mercados paralelos onde a exportação seguirá normalmente.
As suspensões têm relação com os termos definidos nos acordos comerciais entre os países. Importantes compradores de aves do RS, como China e União Europeia, definem a restrição de importação de todo o país. Veja as listas completas:
Como a região de Passo Fundo não faz parte dessa restrição, pode seguir exportando normalmente para os países citados no último tópico.
As restrições dos demais países, contudo, devem afetar diretamente a balança comercial do Rio Grande do Sul. O Estado é o terceiro maior exportador de carne de frango do Brasil, ficando atrás do Paraná e de Santa Catarina.
No primeiro semestre, os principais destinos da carne de frango gaúcha foram:
Conforme o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), para combater a doença de Newscastle é necessário sacrificar as aves afetadas, interditar a propriedade e delimitar uma zona de proteção de três quilômetros e zona de vigilância de 50km do foco.
Após a suspensão das exportações, será realizado um levantamento da área atingida e a de população das aves que tiveram contato com o vírus.
Apesar de apenas um caso ser confirmado, todas as outras aves vão para o chamado “abate humanitário”, onde o processo é feito dentro das normas de bem-estar animal. Após isso, é realizada a desinfecção do aviário e em 21 dias a exportação normal é retomada no local.
Conforme o CRMV, não há risco no consumo de aves que tenham selo de inspeção. “Isso significa que o alimento é seguro para consumo”, reafirmou o órgão.