Crime aconteceu em 2022. Outras três pessoas também são rés no processo
O vice-prefeito de Bom Progresso, o candidato derrotado nas eleições de 2020 e mais duas pessoas vão a júri pelo assassinato do filho do prefeito e então secretário da Saúde do município, Jarbas David Heinle. A decisão foi confirmada pela Justiça do Rio Grande do Sul na quarta-feira (20). O crime aconteceu em setembro de 2022.
O júri ainda não tem data para ocorrer. Os quatro réus podem recorrer da decisão que levou o caso a julgamento popular, previsto para ser realizado em Três Passos, sede da comarca, no Noroeste do Estado.
O caso tramita sob sigilo. No entanto, a reportagem conseguiu apurar que os réus são:
Maicon e Cloves podem recorrer em liberdade. Já Sérgio e Matheus estão presos preventivamente. Veja abaixo o que dizem as defesas.
O Ministério Público denuncia os quatro por homicídio qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima). Segundo a acusação, o crime foi motivado por divergências políticas.
— As provas são claras e o MP confia na sociedade três-passense e região, de que não deixarão impunes os culpados de delito de tamanha gravidade, que chocou a todos por sua audácia — diz a promotora Bárbara Paz.
Filho do prefeito Armindo David Heinle (PP), Jarbas era secretário da Saúde de Bom Progresso, município de 2 mil habitantes. A vítima, 44 anos, foi morta a tiros em 10 de setembro de 2022. Ele foi surpreendido ao chegar em casa após uma confraternização com amigos.
O delegado Bruno Chaves Lima de Paula disse, na época, que Jarbas foi atingido por disparos na cabeça, no peito, na clavícula e no braço ao sair do veículo onde estava.
Segundo a investigação, o atirador estava aguardando o secretário na propriedade da família, uma casa na zona rural do município, onde o acesso é feito por uma estrada de terra.
O delegado que conduziu as investigações do caso, Marion Volino, apontou que a motivação do crime foi uma disputa entre dois grupos da política local. Os mandantes teriam oferecido aos executores pagamento de R$ 50 mil, uma carta de recomendação de emprego e uma promessa futura de um cargo na prefeitura, com salário de R$ 3 mil.
No dia 6 de outubro de 2022, Cloves de Oliveira, candidato derrotado nas eleições municipais de 2020 pelo pai da vítima, foi preso temporariamente. O político foi solto no dia 5 de novembro de 2022.
Sérgio Ribeiro dos Santos foi preso preventivamente no dia 14 de outubro de 2022. Ele permanece detido desde então.
Maicon Leandro Vieira Leite foi preso temporariamente no dia 23 de outubro de 2022, mas foi solto posteriormente.
Já Matheus Gabriel Müller Merel, declarado foragido, foi encontrado em dezembro de 2022 na cidade de Viamão, na Região Metropolitana. Ele está preso preventivamente desde então.
A reportagem tentou contato telefônico com o advogado Vanderlei Pompeo de Mattos, que representa Maicon Leandro Vieira Leite, mas não obteve retorno.
Os advogados Emanuel Cardozo, Luiz Gustavo Lippi Sarmento e Sérgio Pires, que representam Cloves de Oliveira, afirmam que o réu “é inocente e provará sua inocência” e que vão recorrer da decisão que levou o caso a júri.
A defesa ainda aponta que o acusado se colocou à disposição da Justiça, oferecendo acesso a seu telefone celular, contas bancárias e sigilo fiscal, “demonstrando não ter nenhum tipo de participação no fato que vitimou o secretário de Saúde da cidade de Bom Progresso”.
Ainda, a reportagem tentou contato com Douglas Trindade, que atua na defesa de Sérgio Ribeiro dos Santos, mas não localizou o advogado.
A Defensoria Pública, que representa Matheus Gabriel Müller Merel afirmou que “irá se manifestar somente nos autos do processo”.